O que é o milagre? De onde ele vem? Qual a relação dele com a divindade e a humanidade?
Milagre é aquele ato que subverte a lógica, rompendo os limites do crível, retesando os músculos frente ao impossível. Milagre é a ação imperfeita que mostra que verso e anverso são faces não únicas de um mesmo mundo. Milagre é a ação que mostra que há mais do que o que nossos olhos vêem.
Mas, de fato, até que ponto os milagres são imperfeições, e até que ponto nossa miopia não nos permite compreender além da lógica que imaginamos? Essa, na verdade, é a questão fundamental da vida. Ao longo do tempo vamos descobrindo como a essência de Deus criou o mundo, avançando em sua compreensão e percebendo que o mundo é um só e dele advém a vida que se transmuta em nossos milagres particulares.
E, conforme nos aproximamos do amor construtivo de Deus e da essência da sua lógica, percebemos que o verdadeiro milagre é o próprio Deus que conjuga em si a expressão de sua presença. O sopro doado é a centelha que desanuvia os olhos e permite que a luz na retina ensine qual a verdade fundamental.
Milagre é a própria vida. Milagre é a capacidade de compreender e categorizar como impossível que a pedra verta água. Milagre é a água matar nossa sede. Milagre é cruzar o olhar e, vendo a alma do outro, descobrir o amor que nasce naquele momento e que dura a vida toda.
Milagre é conhecer pelo cheiro, confortar-se do frio e sentir nas mãos a maciez do pelo de um gato.
Este mundo milagroso, contínuo e perpétuo é o exercício do impossível que Deus dá-nos diariamente e que, teimosamente, procuramos desviar da mente.
Vem de Deus e é por Deus. Este é o milagre.